Piercings orais, quais os riscos para a saúde bucal e geral?

Para início de conversa, duas coisas podemos destacar: estética é uma coisa bastante subjetiva – cada pessoa tem seu próprio senso estético e gosto não se discute – e segundo, cada pessoa faz o que julga correto e arca com as próprias consequências.

Quando um paciente opta por ter um piercing oral, a minha função e dever é orientar aos inúmeros riscos envolvidos nessa decisão, uma vez que, se tratando de saúde bucal, o uso dos piercings orais envolve uma série muito grande de riscos, tanto para a saúde oral, quanto para a geral.

Saibamos que qualquer artificialidade colocada dentro da boca estimula uma série de alterações de suas funções normais, alterações essas discretas e difíceis de serem conscientes e percebidas pelo usuário, como por exemplo, aumento de salivação e readaptação da mastigação e deglutição.

O risco mais básico e simples de entender é que o piercing é um grande “intruso físico” para nossa boca, seja por dificultar ou alterar as funções normais desempenhadas por ela e pela agressão ao meio bucal em geral. Isso por si só já seria o suficiente para desorganizar a harmonia do sistema mastigatório como um todo.

Outro fator muito sério é a possibilidade de infecções locais, pois nossa boca é habitada por milhões de bactérias oportunistas. A colocação do piercing, não importando em qual região da boca, é um procedimento invasivo que vai ter como resposta imediata uma inflamação e exigir uma cicatrização, podendo ser uma etapa muito perigosa, uma vez que já é difícil termos uma cicatrização completa em condições normais, imagine com um artifício metálico se mexendo o tempo todo dentro da boca. Fica muito fácil infectar ou reinfectar, mesmo depois de já ter cicatrizado. O outro grande risco é que este local passa a ser uma fácil entrada de bactérias para a corrente sanguínea podendo levar a infecção no coração, como a Endocardite Bacteriana.

Alguns possíveis riscos são:

Sangramento prolongado, dor e inchaço, ferimentos na gengiva, interferências com a função normal da boca, doenças transmissíveis pelo sangue, Endocardite bacteriana, retração e inchaço da gengiva, leucoplasia (lesão de mancha branca na região da mucosa bucal – que é cancerígeno), danos aos tecidos bucais, podendo até levar à perda de algum dente, dificuldade de higienização (o ideal seria a retirada do piercing três vezes ao dia para a correta escovação pós-refeições), fraturas ou trincas de dentes ou próteses, maior chance de contrair doenças, halitose (mau hálito), feridas, alergias, infecções e inflamações locais.

Valem todos esses riscos? Eles superam o prazer? Por isso disse anteriormente que é uma forte decisão. Mas, sejamos felizes, certo?

Dr. Marcelo Georgetti | CRO 43227
Diretor Clínico da G3 Odonto & Saúde

2018-07-06T11:03:40+00:00